O “Homem-Velho” e o Perigo do Altruísmo em Excesso

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Todos sabemos que a sociedade capitalista em que vivemos nos pressiona em direção ao individualismo, ao egocentrismo, ao consumo, a ser o mais bonito, o mais poderoso, ter posses, o carro do ano, etc...e os efeitos que isso gera em nós mesmos (ansiedade, frustração, etc) e na sociedade (violência, desigualdade, etc...)

Porém neste texto vou me aprofundar no outro lado da moeda – o Altruísmo excessivo – que, assim como o egoísmo excessivo, pode também produzir graves efeitos colaterais em nós mesmos, e para os que estão ao nosso redor.

E o que isso tem a ver com o Opus Dei ? Tem tudo a ver.

Veja o meu caso, por exemplo. Aos vinte anos de idade, eu era um jovem um tanto assustado e inconformado com a ideologia social que descrevi no primeiro parágrafo, e assim me tornei um alvo fácil de ideologias radicais e extremistas tal como é a Obra.

Em nome de Deus, a Obra fomenta ao máximo o altruísmo em nós, de modo que nos esvaziemos de nós mesmos, deixando de ter vontades, de ter desejos, e desta forma entregar tudo a Deus, ( porém é claro, através do nosso grande-irmão intercessor, o intermediário espiritual Opus Dei ).

Desta prática e inclinação que eu já possuía e que foi inchada negligentemente pelo Opus Dei eu tento me livrar até hoje. Alguns dos malefícios do altruísmo em excesso são, dentre outros:

  • baixa AUTO-ESTIMA (ou AUTO-AFIRMAÇÃO) pessoal,
  • pouca VONTADE PRÓPRIA
  • poucas INICIATIVAS pessoais
  • falta de CUIDADO consigo mesmo
  • sentimento de INFERIORIDADE
  • medo de ter OPINIÃO pessoal
  • pouco AMOR-PRÓPRIO

Em uma breve seqüência de visitas a uma psicóloga, não preciso nem dizer que a mesma ficou abismada com tal situação, e que logo associou o Opus Dei a Igreja, alvo certeiro da modernidade e dos psicólogos. (Mas não vem ao caso debater sobre o assunto Psicologia Moderna x Opus Dei aqui, pois este tema seria melhor abordado por um profissional da área com algum conhecimento sobre os mecanismos psicológicos da Obra).

Ainda sobre os malefícios do altruísmo excessivo, ele pode também ter más conseqüências para aqueles que estão a nosso redor, pois ele pode, dentre outros problemas:

  • promover o egoísmo do próximo
  • desequilibrar relações com outras pessoas, tornando-as injustas e assim enfraquecidas
  • permitir que pessoas mal-intencionadas ajam desta forma, sem que sejam repreendidas

Uma retórica comumente usada pelo Opus Dei em sua pedagogia espiritual chamava-se “Homem-Velho”, personagem fictício inventado para personificar nosso EU INTERIOR nos momentos de REBELDIA, ou seja, nos momentos em que nosso profundo ser se manifestava CONTRA as agressões, abstinências e provações impostas pelo nosso próprio eu-“santo” ou pelos autoritários diretores espirituais do Opus Dei.

O “Homem-Velho” aparece em diversas citações de “Caminho” – principal referência espiritual da Obra escrito pelo São Escrivá - sempre como um vilão a ser exterminado, evitado, aniquilado por nós mesmos.

Mas hoje, dez anos depois de ter saído da Obra, busco neste mesmo “Homem-Velho” um “Velho-amigo”, tentando desta forma fazer as pazes comigo mesmo, com o meu eu interior – onde também está Deus – para que assim eu consiga atingir o meu SER, de forma completa e total.

É em busca do EQUILÍBRIO pessoal e espiritual que eu escrevo este texto. Acredito que muitos outros ex-numerários(as) compartilhem deste mesmo sentimento.

Um abraço a todos,

C.A.