Resposta ao opuslivre sobre o livro "Opus Dei - os bastidores"

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Vou fazer um depoimento sobre o Opus Dei mas sinto muito pela decepção que possa causar, o depoimento nada tem de dramático.

Não sou numerário nem super-numerário, não sou sequer colaborador do Opus Dei. Mas o bem que a Obra tem feito por mim é incomensurável.

Sou professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Conheci o Opus Dei em São Paulo, em 1990, quando fazia Residência Médica no Instituto Dante Pazzanese. De 1991 a 1993, fiz mestrado em cardiologia na Escola Paulista de Medicina e continuei frequentando as atividades da Obra. No final de 1993, ao retornar para Fortaleza, cidade onde não está instalada a Obra, pedi orientação a alguns numerários para montar um círculo em minha casa e venho fazendo palestras baseadas nos livros da Editora Quadrante para um grupo de 10 amigos. As palestras tem frequência quinzenal e já ocorrem há quase 12 anos. É testemunho unânime de todos os amigos do grupo a importância que estas palestras têm para eles. Ou seja, é o Opus Dei fazendo o bem a mais pessoas.

Nestes 12 anos após o retorno a Fortaleza, tenho feito o retiro da Obra em São Paulo em quase todos os anos e são os momentos mais enriquecedores da minha vida os dias que passo no retiro. Neste período também fiz doutorado em cardiologia na USP e aproveitei minhas viagens a São Paulo para continuar frequentando as atividades da Obra.

Passarei a fazer alguns comentários sobre o livro “Opus Dei – os bastidores”. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que sinto muito pelo modo como os ex-numerários sairam da Obra e rezo para que as suas feridas emocionais se curem rapidamente sem deixar cicatrizes. O que lamento é a maneira como eles sairam da Obra, “atirando”. Havia um jeito mais elegante de sair de uma instituição do que “cuspindo no prato que comeram”. No livro, os autores reclamam reiteradas vezes da maneira como a Obra vê seus ex-membros, muitas vezes os considerando traidores. Mas vocês considerariam fiel alguém que compartilhou de toda uma existência de uma instituição e dela sai revelando suas particularidades que lhe foram confiadas e compartilhadas com ele quando eram membros e até mesmo distorcendo a verdade em alguns fatos?

Gostaria de lembrá-los que a Obra é de Deus mas também é dos homens. Sujeita, portanto, à ação da natureza humana decaida. Presa de defeitos humanos como vocês e eu temos.

Passo agora a descrever as inconsistências/incongruências que encontrei no livro:


Página 45- uma ex numerária afirma que : “As numerárias auxiliares comem o resto da comida das numerárias....Os direitos humanos das numerárias auxiliares estão sendo violados pelo Opus Dei....

Presenciei automutilação de mulheres do Opus Dei.”

As afirmativas são ridículas e fantasiosas. A pessoa que faz estas afirmações tem certeza que não estava numa igreja islâmica do Irã?


Página 50- “...o supernumerário sente-se um membro de segunda classe dentro da instituição”

Mentira. Conheço vários supernumerários e todos se sentem orgulhosos de sua condição. Aliás esta é mais uma das contradições do livro: segundo os autores, os numerários são humilhados, espezinhados, mal tratados. Mesmo assim, os supernumerários é que se sentem membros de segunda classe?


Página 61- “...fui doutrinada com os livrinhos da Editora Quadrante e minha burrice me levou a fazer a assinatura do círculo de leitura”

A autora dos depoimentos contidos nesta página parece ser totalmente desequilibrada do ponto de vista emocional. Por que burrice? Os livros da Editora Quadrante são muito interessantes e plenos de conteúdo ditado pela doutrina da Igreja Católica.

“Rezamos o terço. Era algo alienado, as pessoas rezavam andando de um lado para o outro, dava até angústia, pareciam doidas”.

Doida é a depoente. Durante cerca de 10 retiros ou convívios do Opus Dei que fiz nos últimos anos, eu rezei “andando de um lado para o outro” junto com as demais pessoas que estavam fazendo o retiro. Não me pareceu nada alienante, nem muito menos “alienado” como julga esta pessoa. Ao invés de angústia, eu senti uma profunda paz interior em todas estas ocasiões. Acho que a angústia não estava no terço mas no desequilíbrio emocional desta moça.

“...os pais da minha amiga deram uma carona para nós até o centro em um ‘Honda Civic zerinho’... De repente percebi um interesse maior por ela também”

Mas que moçinha paranóica... Além de tudo parece ter grande complexo de pobreza.


Página 62- “...me proibiram de ver filmes no cinema... diziam que era tudo do inferno...”

Nos quinze anos em que tenho frequentado às atividades da Obra, nem sequer uma vez ouvi comentários deste tipo, usando o inferno como ameaça.

“Um belo dia de maio, a minha ‘amiga’, aquela chata da M.E...”

Que comentário mais infantil... Qual é mesmo a idade desta moça? Sua idade mental não deve passar dos 10 anos.

“Tinha que pagar uma grana alta para fazer um retiro”

Mentira. No retiro para profissionais, paga-se menos que um salário mínimo. Logicamente, no retiro para jovens, o preço é muito menor.


Página 76- “O Opus Dei consegue fazer com que o escravo diga o que não pensa, acredite no que não acredita, e, mesmo vendo as algemas abertas...continue cativo”

Mas que desabafo mais piegas...Vocês não acham que estão menosprezando a inteligência do leitor com afirmações deste tipo?


Página 79- “Após período de seis anos e meio, o numerário é incorporado definitivamente à instituição por meio da fidelidade”.

Vocês não acham seis anos e meio um tempo razoável para alguém de inteligência pelo menos mediana verificar que a Obra não lhe convinha e que deveria sair dela naquela momento? Então por que um de vocês foi numerário durante 35 anos? Sua saída bem como a de vários outros membros “cheira” mais a resposta a interesses contrariados do que a qualquer outro motivo.


Página 111- “...o luxo de suas casas de retiro”.

É mentira. Fiz retiro na casa da Aroeira e na casa de Ibiuna, ambas em São Paulo. Nenhuma das duas é luxuosa As casas são apenas confortáveis, o que é desejável para se fazer um retiro.


Página 136- “Algo (pelo menos algo...) de verdadeiro existe nos depoimentos que colhemos e nas análises que estamos realizando”.

Ato falho. Os autores estão confessando que pelo menos parte do que está escrito no livro não é verdadeiro.


Página 170- “Preço elevado dos livros da Quadrante e falta de talento de boa parte dos autores...”.

É mentira que os preços sejam elevados. No católogo de outubro deste ano, da Editora, existem livros custando até R$2,60, como é o caso de uma carta apostólica de João Paulo II. A maior parte dos livros, chamados “cadernos de doutrina” custam R$14,00.

Não sou nenhum professor titular de filosofia da USP para julgar um texto, mas considero os livros da Quadrante muito bem escritos, com excelente conteúdo e baseados na mais pura doutrina da Igreja Católica.


Página 217 (Apêndice-B)-“... retiro de três dias, isolados e em silêncio”.

Os autores dão uma conotação negativa dos retiros. Na realidade, os retiros do Opus Dei se constituem em uma das melhores experiências que tenho na vida. Aliás, a bem da verdade, não são três dias de retiro, mas dois dias (48 horas)

Após página 230 (sugestões de leitura)- Dos 36 livros sugeridos, um quarto deles (nove livros) são escritos por dois autores que foram afastados da Igreja Católica (Leonardo Boff e Hans Kung). É impressionante o desejo de prostestar de que vocês são portadores. Vocês precisam sair da adolescência emocional.

Fortaleza, 16.11.2005

Ricardo Pereira Silva- RG 661464 (SPSP-Ce)